Nas aulas do curso de matemática são utilizadas diferentes metodologias, com o objetivo de permitir que cada pessoa possa construir conhecimento de acordo com suas características
Em um mundo cada vez mais globalizado e com desafios sociais complexos, o voluntariado emerge como uma força poderosa capaz de promover mudanças significativas. Acima de qualquer ideologia ou fronteira, o ato de doar tempo e habilidades para causas sociais representa um compromisso com a construção de um futuro mais justo e solidário. Mas quais são os benefícios do voluntariado e como ele pode contribuir para um mundo mais igualitário?O voluntariado, seja ele em uma ONG, escola, hospital ou comunidade, vai muito além de simplesmente ajudar o próximo. É um movimento que impulsiona o desenvolvimento social, cultural e econômico de diversas maneiras. Ao se engajar em atividades voluntárias, as pessoas têm a oportunidade de atuar de forma transformadora na sociedade.
Ao oferecer apoio a comunidades carentes, os voluntários contribuem para reduzir as disparidades sociais e promover a inclusão de grupos vulneráveis. Esse movimento permite a interação com pessoas de diferentes origens e realidades, os voluntários contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva além de ser uma excelente oportunidade para desenvolver habilidades como liderança, trabalho em equipe, comunicação e resolução de problemas. Contribuir para o bem-estar da comunidade engajando-se em projetos que beneficiam a comunidade é uma forma para melhorar a qualidade de vida de todos.
Estudos mostram que praticar o voluntariado está associado a uma melhor saúde física e mental, reduzindo o estresse e aumentando a sensação de bem-estar, para outros pode ser uma forma de realizar sonhos e objetivos pessoais, como ajudar o próximo, fazer a diferença no mundo e encontrar um propósito de vida.
Para entender como é essa sensassão de ser voluntário e todos os benefícios que essa atividade proporciona fomos visitar o CETECC e ouvir os professores voluntários dos Cursos Livres de sábado.
Elez Bislim, veio da Macedônia e é professor de inglês
A minha motivação vem desde que eu vim da Europa. Eu estudei pedagogia na faculdade e onde eu morava já gostava de ajudar as pessoas. Há 20 anos as oportunidades eram bem escassas para quem queria estudar e trabalhar, eu tive muitas dificuldades mas recebi ajuda nessa ocasião e isso foi fundamental na minha vida. Assim como eu recebi eu senti necessidade de retribuir isso e comecei a fazer trabalho voluntário. Isso me motiva, quero ajudar, passar o meu conhecimento para outras pessoas que precisam.
Para mim é uma satisfação ser um voluntário, além de trabalhar aqui no CETECC eu ajudo moradores de rua e idosos também. Todo o tempo que eu tenho livre, eu uso na atividade do voluntariado.
O que nós fazemos hoje pode inspirar as pessoas e no futuro, elas é que farão o trabalho voluntário para quem precisa.
Renata, professoa de Inglês
Eu estou dando aula há um ano e meio. Tudo começou com o incentivo de minha mãe, ela falava assim: “Vai, vai fazer, vai te fazer bem ajudar os outros, doar um pouco de si e tudo mais.” E eu falei, tá bom, vou tentar. E aí eu comecei e é incrível.
O inglês é uma coisa que eu amo muito, e realmente poder dar um pouquinho do que eu conheço e ver as pessoas entenderem e melhorar um pouquinho o dia delas, me ajuda, realmente, e a contrapartida é ainda maior, eles me ajudam talvez mais do que eu ajudo eles. Porque ver uma mudança no aprendizado deles faz a diferença completamente para mim.
Eli Pena, professora de inglês
Entre idas e vindas, eu estou aqui há 10 anos, mais ou menos. O meu objetivo vindo aqui todo sábado é compartilhar os meus conhecimentos, aquilo que eu recebi na vida com outros que não têm essa oportunidade. Eu não dou só aula de inglês, eu também falo da minha experiência pessoal, de vir de uma comunidade muito pobre e pegar o gado, muita coisa na vida por garra, força, vontade de vencer.
Então, toda aula eu falo um pouquinho algumas coisas motivacionais, pois não é porque a pessoa hoje tem uma situação financeira mais complicada que ele não vai chegar lá na frente com a força da sua própria dedicação.
E, com isso, eu passo muito o meu inglês, eu sou uma pessoa muito didática, eu vou atrás de muita coisa que estão dando nas escolas particulares, como a Cultura Inglesa. Trago para eles referências da British Council, que é uma instituição pública do Reino Unido cuja missão é difundir o conhecimento da língua inglesa e sua cultura mediante a formação e outras atividades educativas, para que eles possam ver que o inglês que a gente ensina aqui não é o inglês pra “macarrone”, é o inglês de alta performance.
E eu fico muito orgulhosa! No semestre passado três alunos da minha classe conseguiram melhorar de emprego por causa do inglês, fizeram entrevista em inglês, inclusive. E isso me motiva tanto, eles contando que se deram bem em uma entrevista, eles falando comigo em inglês e se sentindo orgulhosos disso, me deixa assim, não tem pagamento melhor.
“Sabe quando o seu filho nasce e chama você de mamãe a primeira vez na vida? É assim, meus alunos.”
Meus alunos são assim, pra mim, são preciosidades. Você sabe que tem alunos que já passaram por aqui há 8 anos e que ainda me mandam e-mail, sobre coisas novas em inglês, o que eles estão fazendo na área de TI. É muito gratificante!
“É muito gratificante você saber que, independente se está frio, se está sol, se está chuva, se é feriado ou não, os professores sempre estão presentes, com um sorriso no rosto e dispostos a dar aula.” (Igor)
Igor Nazário foi aluno e agora ajuda nas aulas de Excel Básico.
Hoje eu ministro junto com os professores Sérgio e Augusto o Excel básico. O que me motiva a vir aqui todos os sábados de manhã é compartilhar esse conhecimento que um dia eu recebi como aluno.
É muito gratificante você saber que, independente se está frio, se está sol, se está chuva, se é feriado ou não, os professores sempre estão presentes, com um sorriso no rosto e dispostos a dar aula. Eu fui beneficiado com isso literalmente, tanto na minha vida pessoal como profissional. Eu cheguei a receber duas promoções através do conhecimento do Excel. Comecei com o Excel básico depois fiz Excel intermediário aqui no CETECC.
Isso me fez adquirir conhecimento e ter a facilidade de repassá-lo pelo fato de eu ter feito de maneira presencial. E eu não gostaria de deixar morrer essa oportunidade que os alunos têm de receber todo esse conhecimento de forma gratuita. Esse é o meu primeiro semestre, comecei agora, me prontifiquei com o professor Sérgio. Já na quinta aula eu percebo o brilho das pessoas em conseguir fazer pequenas evoluções, porque eles não tinham noção do básico, e aos poucos, como foi comigo, vão aprendendo.
Fernando, professor de Inglês
“É uma troca muito benéfica, muito gratificante.” (Fernando)
Comecei aqui na Safrater dando aula de ética e cidadania para as crianças. O trabalho voluntário sempre foi algo que me motivou muito, como uma forma de contribuir com tudo que eu tenho aprendido. Com o tempo, vi que eu poderia ajudar dando aulas de inglês, porque é algo que eu aprendi, estudei por muitos anos e depois que eu comecei foi algo muito gratificante.
É uma atividade em que eu não só passo informações mas também aprendo muito com os alunos, então é uma troca muito benéfica, muito gratificante.
Frank, professor de Excel
“Aquilo que a gente recebe, a gente tem que devolver. Isso eu ouvi de uma pessoa muito tempo atrás, e é o que eu levo para a vida.” (Frank)
Comecei aqui em 2016, quando começou o curso do Excel, eu e o professor Fernando, a gente se desdobrou e hoje eu sou professor do intermediário. E a sensação que eu tenho é que realmente transforma a vida das pessoas, e essa é a maior satisfação. Eu estava agora há pouco conversando com o professor do básico, que foi meu aluno, e hoje ele está dando aula aqui, e conseguiu uma promoção na empresa dele para ser analista de sistemas, analista de informação, e antes ele era auxiliar de projetos, se não me engano.
Então, eu realmente transformei a vida dessa pessoa, eu sei que eu ajudei ele a conquistar o sonho que ele tinha, não sou responsável pelo atingimento, apenas mostro caminhos, e a vontade de cada um é que leva eles aonde eles quiserem ir. Eu acho que é exatamente isso que me motiva, eu venho de uma família muito humilde, meus pais fizeram só o primeiro e o segundo ano do fundamental, e eu tive a oportunidade de fazer faculdade, e tive oportunidades da vida que me trouxeram até onde eu cheguei, e eu queria devolver um pouco disso para as pessoas, sabe? Tipo, aquilo que a gente recebe, a gente tem que devolver. Isso eu ouvi de uma pessoa muito tempo atrás, e é o que eu levo para a vida, aquilo que eu aprendi, eu tenho que passar adiante.
Então, eu tento passar para o pessoal o Excel, mas não só Excel, a gente fala de tudo na sala, a gente fala de filosofia, a gente fala de lógica, a gente fala de um monte de coisa. E eu acho que é isso que é a minha proposta, não é só ensinar Excel, é ajudá-los a pensar, fazer com que eles pensem, olhem o ambiente em que eles estão, questionem, e a partir do questionamento tracem um plano para chegar onde eles querem.
Julia, professora de inglês
Hoje eu tô dando aula para os iniciantes, então é o primeiro semestre e o que me motiva acho que é aprender com eles também.
Eu acho que é o conjunto de motivações, tanto que eu ensino quanto que eu aprendo também, o pessoal é muito dedicado. Isso também me motiva muito a saber que a sala tá cheia, que o pessoal tá com interesse, gostam de vir e contribuir. É uma troca muito gostosa que me motiva a vir todos os sábados aqui.
Alejandra Rodas, professora de espanhol
Eu dou aula de espanhol no CETECC há dois anos. Vim inicialmente para desenvolver um novo trabalho, entender se eu poderia ser professora porque eu sei falar o espanhol nativo. E aí eu descobri que a minha motivação principal era justamente desenvolver a empatia. Perceber o bem que eu vinha fazer a sociedade. Aprender com os meus alunos também as diferenças que a gente encontra aqui. E aí isso foi virando a maior motivação. Eu achei que eu vim para ser uma professora, desenvolver o meu trabalho, mas isso se tornou pequeno conforme eu vinha dar as aulas todos os sábados.
E conheci gente nova, novas situações, de como usar o celular como ferramenta de ensino, as idades dos meus alunos, todas as dificuldades que eu encontrava no dia a dia. E aí, a motivação se tornou ser mais empática, trabalhar a cidadania com eles, socializar, isso me faz muito bem. Eu aprendo muito com eles com as diferenças, é um aprendizado maravilhoso.
Beth Matias, professora de Comunicação e Expressão
“Então, assim, o quanto a gente pode trazer de informação do mundo pra eles e o quanto eles podem trazer informação do mundo deles pra gente, sabe? É isso que me motiva todos os dias a dar aulas aqui.” (Beth Matias)
Eu estou no CETEC há 10 anos. E o que me motiva todo sábado, nesses 10 anos, primeiro é aprender. Eu vim aqui muito mais pra aprender do que pra ensinar.
E eu tenho aprendido todo dia com culturas diferentes, com multigerações, o curso é um curso multigeracional, então a gente tem gente desde os 16 até os 80 anos. E aí é uma troca, né, que a comunicação sempre é uma troca, mas é uma troca de realidades, a minha realidade e a realidade deles o tempo todo. Então, assim, é muito bacana a gente entender como é que as pessoas funcionam, como elas vivem, como elas pensam e o quanto a gente pode ajudar. No primeiro emprego, na primeira entrevista, no relacionamento com a família, no relacionamento com os filhos, na escola, quando eles são jovens, ou na faculdade, porque aqui nos cursos tem gente também que tá na universidade.
André Salles, professor de Comunicação e expressão
Estou aqui faz 10 anos, eu e a Beth somos jornalistas e o que nos motiva estar aqui todas as manhãs de sábado é que nós temos uma profunda crença de que a comunicação é uma ferramenta de exercício da cidadania e que cidadãos que se comunicam melhor, que se expressam melhor daquilo que sentem, daquilo que pensam, conseguem reivindicar melhor os seus direitos e o seu lugar na sociedade, seja no trabalho, seja junto ao poder público, seja na família. A comunicação é a ferramenta que possibilita isso. Então nós trazemos esses nossos princípios, o nosso conceito é uma forma de devolver à sociedade aquilo que nós acreditamos e que a sociedade nos deu.
Então por isso nós fazemos isso de forma voluntária há mais de 10 anos. E para nós é o melhor momento da semana, um presente que o CETECC nos oferece e que nós aprendemos muito com os beneficiados, que vão de 15 a 80 anos.
Vera Helena, professora de Inglês
Eu sempre procurei algum lugar para fazer um trabalho voluntário. E eu estava procurando um lugar que eu pudesse fazer o que eu faço, que eu acho que é o que eu faço de melhor, que é dar aula. E um dia, coincidentemente, eu estava na casa de umas amigas e tem uma pessoa que frequenta a Casa do Caminho. Ai ela falou, eu acho que eu tenho a solução para você, me falou daqui.
Aí eu vim, contatei com o Wagner, fiz a entrevista com a Milene e amei.
E olha gente, é o que eu falei, a gente vem de sábado, aqui eu não tenho preguiça, não tenho aquela coisa - ah, eu tenho que dar aula lá - Não, é graças a Deus que eu já vou lá, a carinha dos alunos vale tudo.
O primeiro semestre eu e a Milene, que damos aulas alternando sábados, fomos surpreendidas com uma placa, né, de todos os alunos nos parabenizando, nos homenageando, a gente chorou. Como não amar, né? Então assim, tudo de bom vir aqui.
Eu falei agora na reunião que se pudesse ser rica e vim só fazer isso, eu só fazia isso. Amo vir aqui.
Josiane, professora de matemática
E eu entendo que o trabalho voluntário é: pegue a vassoura e veja onde precisa varrer.
Eu vim por intermédio da Casa do Caminho e me interessei porque realmente já fazia um tempo que eu não fazia um trabalho voluntário.
Eu sou da área de humanas e agora eu estou no curso de matemática, me desafiando inclusive.
O meu propósito nesse curso é realmente trazer esse conhecimento fundamental para as pessoas para o dia-a-dia delas, para que elas tenham maior poder de decisão, para que elas tenham uma compreensão melhor, para que elas possam também ter poder de escolha.
Quando a gente dá conhecimento para a pessoa, a gente também dá poder de escolha para ela. Então esse é o meu propósito no curso.
Claudia, professora de Inglês.
Eu sou voluntária na Safrater há um ano e meio e no começo eu quis ser voluntária no inglês porque eu achei que eu tinha recebido tanto da vida que eu queria dar um pouco de volta, mas hoje o que me move é como eu me sinto bem quando eu venho pra cá. Esses alunos me fazem muito bem, então eu que achei que eu ia entrar e dar, na verdade eu me vejo recebendo muito mais do que dando, então é quase uma razão egoísta, eles me fazem muito bem e me emociona, meu coração fica cantando toda vez que eu venho pra cá. Eles são muito gratos, é bem legal nos intervalos, alunos que eu tive há um ano virem me cumprimentar, falarem que estão com saudade e a semana passada até recebi um presente! Tinha um grupo de alunos me esperando do lado de fora da classe para me dar um presente, fiquei bem emocionada, eles são uns queridos e uma coisa legal no sábado é que eles estão aqui porque querem, eu também dou aula numa escola de inglês particular e a diferença é gritante entre alunos que os pais mandam e alunos que vêm porque querem e é um sabor bastante especial.
Augusto, professor de Excel Básico
Eu comecei o meu trabalho voluntário no Núcleo Tiãozinho há 16 anos, ajudava na montagem dos lanches e na recreação. Quando nasceram meus filhos, eu fiquei um pouco afastado, fazendo outros tipos de trabalho voluntário.
Aí voltei atuando no CETECC em 2022 dando aulas de Excel básico. Eu tinha um sonho de poder dar aula de forma voluntária e isso se realizou aqui, está sendo muito bom, os alunos realmente aproveitam 100% do curso, não faltam. Uma outra coisa muito interessante que eu sempre comento é que na turma são 26, 27 alunos e 20 são mulheres, uma realidade que está mudando bastante e é muito legal que isso esteja acontecendo.
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