SASF Tiãozinho
- Tiãozinho Safrater

- há 7 horas
- 8 min de leitura
Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social - SMADS

Um espaço de acolhimento às famílias do território.

1.000 famílias recebendo acompanhamentos e encaminhamentos para ter acesso a melhores condições de vida no território do Jabaquara.
A Safrater completou 53 anos atuando na região de Americanópolis. São várias frentes de atuação, trabalhando pelo desenvolvimento do Ser Integral, desde a gestação até os cuidados com as pessoas 60+. A região em que atua já foi muito transformada pelos benefícios socioeducativos que as unidades da Safrater proporcionam; ainda assim, as necessidades são muitas e não cessam. Cada unidade da Safrater que é inaugurada comprova isso. O NCI Tiãozinho (Núcleo de Convivência de Idosos), em menos de um ano de funcionamento, revelou o quanto essas pessoas 60+ estavam carentes de um espaço que os acolhesse e prestasse serviços essenciais para essa faixa etária. Agora a Safrater, com muito esforço, determinação e a parceria com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social - SMADS, inaugura mais uma unidade, o SASF Tiãozinho. O SASF é um serviço de acompanhamento e monitoramento das famílias encaminhadas pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), que é um equipamento da assistência social, a principal porta de entrada para a população em situação de vulnerabilidade social.
Os objetivos do SASF:
Contribuir para a redução do descumprimento de condicionalidades dos Programas de Transferência de Renda (PTR) e para a prevenção do surgimento de novos casos;
Prevenir agravos que possam desencadear rompimento de vínculos familiares e sociais;
Identificar demandas de famílias e pessoas para o acesso a benefícios, programas de transferência de renda e inserção na rede de proteção social;
Oferecer possibilidades de desenvolvimento de habilidades e potencialidades, estímulo à participação cidadã e construção de contextos inclusivos;
Promover aquisições sociais às famílias, potencializando o protagonismo e a autonomia de seus membros na comunidade;
Identificar, apoiar e acompanhar indivíduos e/ou famílias com idosos e pessoas com deficiência, na perspectiva de prevenir o confinamento e o acolhimento institucional;
Sensibilizar grupos comunitários sobre direitos e necessidades de inclusão social de pessoas com deficiência e pessoas idosas, buscando a desconstrução de mitos e preconceitos;
Fomentar projetos de inclusão produtiva e de desenvolvimento local.
Público-alvo:
Famílias e/ou pessoas beneficiárias de Programas de Transferência de Renda, prioritariamente aquelas em descumprimento de condicionalidades;
Pessoas idosas e pessoas com deficiência que vivenciam situações de vulnerabilidade e risco social, beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada (BPC); famílias e/ou pessoas com precário ou nulo acesso aos serviços públicos, fragilização de vínculos de pertencimento e sociabilidade, ou qualquer outra situação de vulnerabilidade e risco social identificada no território e validada pelo CRAS.

As atividades do SASF Tiãozinho estão passando por um momento de transição da unidade que atendia à região para a gestão da Safrater. Esta etapa envolve um trabalho minucioso da equipe de colaboradores no sentido de levantar os dados de cadastro das famílias que são contempladas com esse serviço. Assim, com esses dados atualizados, vai ser possível efetivar os serviços às famílias na íntegra.
Para entender melhor o momento atual do SASF e como ele vai atuar na região do Jabaquara, conversamos com Laíse Lobato, gerente de serviços do SASF Tiãozinho.
TN: O que é o SASF?
Laíse: O SASF é o serviço de assistência social à família e proteção social básica no domicílio, com atendimento para mil famílias no território em que está inserido. Aqui no território do Jabaquara, o SASF Tiãozinho é a única unidade com funcionamento desse serviço.
TN: Quem são as famílias atendidas?
Laíse: Entre essas mil famílias, estão beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada), idoso e pessoas com deficiência, beneficiários do PTR (Programa de Transferência de Renda), além de pessoas em outras diversas situações de vulnerabilidade social. Essas famílias são visitadas em domicílio, encaminhadas ao CRAS para inclusão ou atualização de CadÚnico, onde também realizamos o acompanhamento e o atendimento, buscando desenvolver o PDF (Plano de Desenvolvimento Familiar). Existem também outras atividades do SASF, destinadas à essas famílias, que acontecem dentro da comunidade, ou seja, dentro do território, quem podem vir a ser na nossa sede, mas prioritariamente em outros espaços e em domicílio.
TN: Por quem e como são feitos estes atendimentos?
Laíse: Nós temos uma equipe que faz esses atendimentos e ela é formada por quatro técnicos: dois assistentes sociais, um psicólogo e um pedagogo. Esse técnico faz o primeiro atendimento, faz a matrícula, a identificação da demanda inicial daquela família ou daquele familiar que veio ao atendimento; são preenchidos uma série de documentos para que se possa fazer o acompanhamento dessa família de forma organizada, entre outras questões, mas prioritariamente, a pactuação do Plano de Desenvolvimento Familiar, com o técnico que a acompanha; promovendo o desenvolvimento de potencialidades, além de fortalecer vínculos familiares, comunitários e sociais dessa família. Esse acompanhamento também é feito por meio das visitas domiciliares, realizadas pelos Orientadores Socioeducativos e, também, pelas atividades aplicadas no SASF, caracterizadas por oficinas, reuniões socioeducativas, entre outras dinâmicas, de acordo com as demandas das famílias.
TN: É um trabalho que exige muita sensibilidade dos profissionais que se deparam com diversas situações, não é mesmo?
Laíse: Sim, é um trabalho muito abrangente e detalhado feito pelos técnicos, e acho por toda equipe também. A sensibilidade e o olhar para a concepção do trabalho social precisa estar alinhado por todos. A inserção de uma família para atendimento, o acompanhando de uma família, inicia desde sua busca ativa, é o que a gente chama de procura intencional dessas famílias, feita pelos orientadores socioeducativos. A acolhida é um ponto crucial no atendimento às famílias, ouvir e acolher atentamente os desejos, as necessidades de quem atendemos exige, sim, sensibilidade, mas também conhecimento. É feito um estudo sobre os recursos sociais que essa família tem, sobre a vulnerabilidade social em que ela está inserida, que envolvem abordagem, a acolhida, a escuta. Depois, você tem o atendimento individual e/ou familiar, que permite que o técnico conheça a dinâmica familiar, buscando conjuntamente com a família, ampliar a capacidade protetiva e de enfrentamento às fragilidades sociais. Todo esse processo exige muito “tato” das pessoas, como profissionais e como seres humanos.
TN: Com base nessas visitas, é possível ter uma visão mais abrangente sobre os problemas de desenvolvimento da região que impactam as famílias e auxiliá-las nesse sentido?
Laíse: Sim, sem dúvida, esse trabalho de campo nos dá muitas respostas para podermos sugerir ferramentas para que famílias e seus membros possam ter mais autonomia. Um dos eixos do trabalho feito pelo SASF é a territorialização. Identificar os recursos existentes, dificuldades, áreas de risco é um fundamental para o trabalho. Por meio dos acompanhamentos técnicos para cada situação específica, podem ser feitos estudos sociais e de impacto, que subsidiam a elaboração de um posicionamento, um parecer técnico sobre a situação daquela família, direcionando os encaminhamentos. Nos deparamos tanto com questões da própria esfera da política pública de assistência social como de outras políticas públicas, como educação, saúde e habitação, que é uma questão muito forte aqui no território do Jabaquara. Com todas essas informações, é possível ter um diagnóstico do território, das situações de vulnerabilidade e, assim, propomos atividades reflexivas para essas famílias. Formamos grupos, sugerimos oficinas de forma que essas pessoas possam participar e desenvolver autonomia, o seu protagonismo como agentes transformadores de seus núcleos familiares e comunitários.

TN: Como você percebe o impacto dessa nova unidade do SASF Tiãozinho aqui na comunidade?
Laíse: Eu acho que um dos pontos principais é a própria localização do serviço. O SASF atende muitos usuários na região de Americanópolis e Vila Clara, e, desde que o SASF está no território, ele nunca esteve tão dentro da comunidade; isso me parece um grande diferencial. O serviço estar mais perto da comunidade facilita o acesso e essa questão geográfica é um fator importante para que os indivíduos e as famílias possam ser de fato atendidos. Desde que nós estamos aqui, já vieram pessoas perguntar se agora o SASF era aqui, e isso significa acesso mais fácil aonde a comunidade precisa. A Safrater, desde o início de sua atuação, há mais de 50 anos, percebeu a necessidade de atuar aqui no território, ficando mais próxima mesmo das famílias, e assim entender como agir de forma a fazer a diferença. A gente de fato quer que o SASF seja um serviço que acompanhe as famílias de verdade, não só como está no papel, como está na norma, sabe? Dizendo que é um acompanhamento familiar, é um acompanhamento da família em domicílio. A gente quer que essa ideia saia só do papel, que ela seja prática e eficiente, queremos ver os resultados reais desse acompanhamento familiar. Eu penso que isso é algo que casa muito com o que a Safrater vem trabalhando e alinhada com o que é a missão da Safrater, a busca constante pelo desenvolvimento do SER INTEGRAL.

TN: Como têm sido os procedimentos para começar a fazer os atendimentos efetivamente?
Laíse: Estamos em fase de transição e, apesar do serviço já existir anteriormente sob gestão de outra OSC, tem muitas coisas que precisam ser feitas do zero. Estamos desde segunda semana de funcionamento, avaliando os prontuários que estavam sob a gestão da antiga organização. É um trabalho organizacional que envolve uma análise minuciosa, fazendo uma triagem. Algumas famílias devem ser desligadas do programa por inúmeros motivos, como, por exemplo, mudança de território. Fazendo essa triagem, vamos ter uma ideia do número total de famílias atendidas, e assim iniciar a busca ativa. Seguiremos também as referências do CRAS, que normalmente possui uma lista de famílias para serem atendidas prioritariamente, buscando completar o escopo de mil famílias. O trabalho do SASF abrange uma série de etapas e essa fase organizacional é fundamental para que o serviço aconteça e chegue eficiente para os que mais precisam. É uma conta desafiadora, pois os atendimentos contemplam 1.000 famílias. Segundo Laíse Lobato, a região do Jabaquara, em que está inserida a unidade SASF Tiãozinho, possui cerca de 35.000 famílias, então o trabalho é feito em uma amostragem da realidade do território, por isso tem que ser muito bem direcionado. É um trabalho de formiguinha, mas que, chegando a essas 1000 famílias, já muda muitas vidas para melhor.

Conversamos também com Camila Ferraresi, técnica assistente social da equipe do SASF Tiãozinho; ela nos traz uma perspectiva da dinâmica do trabalho da equipe técnica.
TN: Como é a dinâmica do trabalho do técnico do SASF atuando junto às famílias do território?
Camila: Nós, da equipe, atendemos de duas formas: ou é demanda espontânea, quando a família precisa e vem direto para o serviço nos encontrar, ou vem direto como demanda do CRAS Jabaquara, assim fazemos o atendimento em conjunto. Geralmente são pessoas que recebem algum tipo de benefício do governo, algum programa de transferência de renda ou algumas famílias que estão em situação de vulnerabilidade, que moram nesses territórios próximos e precisam saber informações para começar a receber esses benefícios. Então eles entram em contato, nós fazemos uma entrevista inicial, depois a visita domiciliar para entender qual é o contexto familiar também, as questões do entorno que contribuem para que essa vulnerabilidade exista. Com base nessa avaliação no território, iniciamos o acompanhamento familiar e propomos para essas famílias atividades oferecidas na unidade, que geralmente são oficinas direcionadas para cada público.
TN: E que tipo de oficinas são oferecidas?
Camila: Temos oficinas direcionadas para crianças, mulheres, homens, idosos e LGBT. De acordo com as questões mais latentes que envolvem as famílias e os indivíduos atendidos, as dinâmicas das oficinas são preparadas para atender às necessidades mais abrangentes e, em outros casos, mais específicas. Nós temos a experiência de atividades para mulheres, mas havia a presença de pessoas LGBT que se sentiam acolhidas nesse grupo, assim fomos assimilando e oferecendo atendimento também.
TN: Qual é o maior desafio para que essas famílias consigam a autonomia e possam abrir espaço para outras famílias?
Camila: São muitos desafios enfrentados no dia a dia do SASF, mas um dos mais significativos é a dependência de outras esferas para garantir o pleno atendimento às famílias. O ser humano é integral e, por isso, demanda muito mais do que a atuação exclusiva da política de assistência social. Ele precisa de uma rede eficiente e articulada com áreas como saúde, habitação, educação e trabalho. E sabemos que o acesso a esses serviços nem sempre é simples ou imediato.










Comentários