Palestra sobre saúde mental reune colaboradores do CETECC
- Tiãozinho Safrater

- há 52 minutos
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por Regina Cláudia Gonçalves
CETECC


O mês de Setembro é marcado por duas Campanhas, a do Setembro Amarelo que tem como pauta a Depressão e o Suicídio e a do Setembro Verde que nos chama a atenção para assuntos como a Inclusão e a Doação de Órgãos. No dia 26 de Setembro a Palestra ministrada junto ao CETECC, na unidade Jabaquara, teve o seu enfoque nas doenças mentais. Quando falamos em doenças mentais, importante destacar que há um caminho percorrido por um indivíduo até que se alcance o patamar de uma Patologia, como é o caso da Depressão.
Num primeiro momento, a abordagem comparou um simples estado de Ansiedade que é uma resposta natural ao estresse, situações de perigo ou novos desafios, com curta duração, proporcional à situação que se apresente, mas que se esvai assim que tudo se resolva; aqui podemos citar momentos que antecedem uma prova, um primeiro encontro ou uma entrevista de emprego; diferente do Transtorno de Ansiedade que é uma condição clínica, onde a preocupação e o medo se tornam excessivos, crônicos e incontroláveis por longos períodos e atrapalham a rotina do Paciente no campo profissional, familiar, social, onde o mesmo passa a evitar situações que desencadeiem ou acentuem sintomas característicos, como palpitações, suor, falta de ar e tremores, isso porque surge o receio de ser constrangido, ofendido ou humilhado. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, o Transtorno de Ansiedade pode surgir na Adolescência, onde apenas de 4 a 5,6% são diagnosticados. É uma condição clínica multifatorial marcada pelo isolamento, sedentarismo, relacionamentos abusivos, alta taxa de desemprego, instabilidade financeira, aumento do custo de vida, desigualdade social, extremos climáticos, violência, insegurança, guerras ao redor do mundo, rinhas ideológicas em redes sociais e o grande estresse experimentado durante a Pandemia Covid-19. Segundo a OMS (2025), a ONU e OPAS, o Brasil lidera o ranking mundial de Transtorno de Ansiedade com 9,3% da população, com um aumento acentuado em crianças e adolescentes; só em 2024 ocorreram mais de 141.000 afastamentos do trabalho por Ansiedade; dados estatísticos trazem que há mais de 1 bilhão de pessoas no mundo sofrendo por transtornos mentais.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, o Transtorno de Ansiedade pode surgir na Adolescência, onde apenas de 4 a 5,6% são diagnosticados.


Todos os fatores citados acima levam grande parte da população ao uso excessivo de telas e redes sociais numa busca frenética por velocidade acelerada seja em vídeos ou mensagens de áudios, o que estimula o sistema de recompensa do Cérebro com a ativação da Dopamina, um neurotransmissor, em resposta a atividades prazerosas, criando uma dependência de gratificações rápidas, sendo mais prevalente na Geração Z (indivíduos nascidos entre 1997 e 2012), segundo a biblioteca National Library of Medicine; e essa frequência leva a um estado de Brain rot, a deterioração cerebral, com a perda das capacidades cognitivas pelo consumo excessivo de conteúdo superficial e rápido, prejudicando a capacidade de processar informações mais complexas. Os sinais que denotam tal deterioração são: dificuldade de concentração e atenção em tarefas mais longas ou complexas; problemas de memória com esquecimento frequente e dificuldade em consolidar novas informações; fadiga mental com cansaço ou esgotamento ao acordar ou durante o dia; irritabilidade ou ansiedade com sentimentos de impaciência, inquietude e nervosismo; dificuldade com o tédio numa busca constante por estímulos e recompensa rápida; e a perda de interesse por atividades que exigem esforço ou reflexão profunda. O que poderia ser feito para evitar tal estado seria: reduzir o tempo de telas com limites para o uso de celulares e de redes sociais; fazer pausas ativas, levantando-se, alongando-se, comendo e interagindo com outras pessoas a cada 45’ do uso de telas; aplicar a higiene do sono, deixando o celular fora do quarto ao se deitar; priorizar conteúdos de qualidade; praticar mindfullness digital, trazendo o foco para a tarefa atual; criar momentos off line, fazendo um detox digital, reconectando-se com o mundo físico e real.
O suicídio é uma Epidemia de proporções globais. Segundo a OMS (set/2025), 1 pessoa a cada 40 segundos se suicida no mundo, num total de 800.000 por ano. No Brasil é cerca de 38 pessoas por dia, num total de 14.000 por ano.
Na explanação foi citada a liquidez de Bauman, Filósofo e Sociólogo que caracteriza esta Era como sendo da sociedade líquida, pela ausência de estruturas sólidas e permanentes, onde as conexões humanas são frágeis, impactando a autoestima, a qualidade do sono, uma enorme sensação de solidão, acentuando o Transtorno de Ansiedade, que antecede o estado de Depressão, que também é uma doença multifatorial, tendo como fator genético o potencial de 70% no caso de gêmeos idênticos; fator mental pelos desequilíbrios químicos e de neurotransmissores responsáveis pelas sinapses entre os neurônios; e fator ambiental pela pobreza, o abuso físico ou emocional, o estresse contínuo ou a violência. A Depressão é uma doença grave, mais prevalente em mulheres, com início dos sintomas na faixa etária entre 20 e 50 anos, podendo também afetar pessoas de qualquer idade como crianças, jovens e idosos. Os sintomas podem ser físicos ou psicológicos e pode tornar o ritmo do corpo mais lento. É marcada pelo isolamento social, a apatia, a anestesia emocional, movimentos lentos, humor deprimido, sonolência constante, insegurança, dificuldade de concentração, piora da memória, falta de energia, alteração de apetite, baixa autoestima, pensamentos de culpa, negatividade, culminando com pensamentos suicidas. A pessoa está em grande sofrimento e os pensamentos de tristeza persistem na maioria dos dias. O suicídio é uma Epidemia de proporções globais. Segundo a OMS (set/2025), 1 pessoa a cada 40 segundos se suicida no mundo, num total de 800.000 por ano. No Brasil é cerca de 38 pessoas por dia, num total de 14.000 por ano. Importante estarmos atentos aos sinais de alerta: aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais por mais de 2 semanas; preocupação com a própria morte ou falta de esperança, com idéias expressas por escrita, fala ou desenhos; expressão de idéias ou intenções suicidas como “vou desaparecer”, “vou deixar vocês em paz”, “eu só quero me matar”. Nesses casos, o que se pode fazer a respeito é conversar, deixando claro que está disposto a ouvir, oferecer apoio, incentivar a procurar ajuda profissional, assegurar-se de que a pessoa não tenha meios de provocar a própria morte com armas, medicamentos ou pesticidas e buscar ajuda junto ao CAPS, Unidades Básicas de Saúde, UPA 24 hs, SAMU, Prontos Socorros, Hospitais e CVV.

O público do CETECC participou ativamente tirando dúvidas e compartilhando experiências.

Serotonina, o “hormônio da felicidade” e a importância da alimentação no combate a depressão.

Considerando que um dos fatores da Depressão é mental, por desequilíbrios de neurotransmissores, e que a Serotonina, conhecida como “hormônio da felicidade”, é produzida 90% no intestino delgado e se comunica com o Cérebro através do nervo vago para influenciar o humor e o comportamento, a Nutrição tem papel fundamental repovoando o intestino com cepas de bactérias saudáveis, com o conhecido probiótico, aliado a alimentos prebióticos e antiinflamatórios como a cúrcuma, os vegetais, as frutas, os cereais, as leguminosas e os ricos em ômega 3 como sardinha, atum, chia; bem como as oleaginosas ricas também em antioxidantes como o selênio; a colina do ovo para a saúde cognitiva; alimentos ricos em triptofano, precursor da Serotonina, como a aveia, a canela, a uva passa, o cacau, a banana e, principalmente, as cascas da maçã e da cebola, ricas no flavonóide “quercetina”, comprovado cientificamente, por auxiliar na neurogênese, formando novos neurônios.

Outro tema abordado foi com relação à doação de órgãos que, segundo o MS, o Brasil ocupa a 3ª posição mundial em número absoluto de procedimentos, atrás dos EUA e da China, mas tem o o maior sistema público de transplantes do mundo. Apenas no 1º semestre deste ano foram 14,9 mil transplantes realizados, tendo sido 80% pelo SUS. É feita uma triagem onde se verifica o tipo sanguíneo, o tipo de órgão ou tecidos, a gravidade do paciente, a distância do doador e o tempo em lista. Para ser um doador é importante avisar os familiares, criar uma AEDO (Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos) e agendar uma videoconferência com o Cartório para coletar a Declaração de Vontade. A doação de órgãos e tecidos de pessoa viva pode ser feita para os rins, parte do Fígado e medula óssea; é necessário ter até o 4º grau de parentesco com o receptor; ser avaliado pelo Médico, estar em perfeito estado de saúde e os órgãos não devem apresentar riscos para o receptor; já após a morte, nos casos de morte encefálica, só com diagnóstico confirmado por dois Médicos e com autorização da família. Se for por morte cardiorrespiratória, só pode ser doado córneas, ossos e peles. Vale lembrar que a família do doador não escolhe o receptor, é obedecida a fila de espera; o estado do órgão a ser doado é mais importante que a idade do doador, e que a retirada de órgãos e tecidos é feita por cirurgia com a troca por próteses e, ainda, maquiagem no corpo do doador.
A palestra trouxe informações e alertas importantes para o atual momento da sociedade; foi bem aceita pelo público, bastante participativo, que reunia pessoas de idades variadas.










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