CETECC
A virada do ano marca um período de reflexões, avaliações e perspectivas para o novo ciclo que vai se iniciar. Cada área tem seus desafios, em especial a das atividades socioeducacionais. Muito antes de terminar o ano, cada uma das unidades da Safrater se planeja para as novas inscrições, matrículas, rematrículas, melhorias estruturais, contato com fornecedores e parceiros. É uma verdadeira articulação para que o fluxo de trabalho possa continuar cada vez melhor para todos.
Fomos acompanhar as movimentações do CETECC na preparação para as inscrições dos cursos de 2024, os esforços de toda a equipe, as conexões com os parceiros, as divulgações, processos seletivos até a recepção dos novos beneficiários. Para isso, fomos conversar com Valéria Dolme, diretora pedagógica da Safrater, que se apresenta com energia e brilho nos olhos: “Sou pedagoga de formação, aposentada que não conseguiu ficar longe do ambiente escolar. Uma pessoa que continua aprendendo... Saí da escola particular onde atuei por 44 anos e vim olhar o 3º setor influenciada por meus filhos que sempre atuaram nesta área. Descobri pessoas incríveis e a possibilidade de um trabalho que me faz olhar para o outro. Como voluntária, pude me envolver com os cursos e atividades que a Safrater oferece e contribuir para que o CETECC pudesse desenvolver um trabalho de qualidade, sempre ancorada nos princípios que valorizam o ser integral. Orientar, planejar, acolher e principalmente acreditar que as oportunidades existem para todos!”
As parcerias firmadas com a Safrater permitem possiblidades de aprendizado, oferecendo equipamentos e a experiências de profissionais que ministram os cursos.
TN: Quando começam os trabalhos de planejamento para as novas turmas dos cursos no CETECC?
Valéria: Começamos a nos preparar aproximadamente no mês de outubro anterior ao ano letivo. Nós avaliamos os resultados do ano corrente junto com as equipes, conversamos sobre o que deu certo e o que precisa ser ajustado, pois cada ano apresenta desafios e sugere novas soluções que precisam ser aplicadas. Feito isso, trabalhamos no cronograma de trabalho para o final do ano, contabilizando as vagas por curso, alinhando as diretrizes com nossos parceiros, acionamos a área de comunicação para o planejamento das divulgações nas mídias e preparamos os colaboradores para receber os interessados no momento das inscrições.
TN: E como foi o processo das inscrições para os cursos de 2024?
Valéria: Todos os anos existem diferentes momentos de inscrições e matrículas, neste ano de 2024 optamos por fazer um único processo integrado, onde todos os cursos tiveram as inscrições a partir de 3 de janeiro. Para isso, houve uma preparação de maneira a organizar a secretaria geral para poder atender de maneira eficiente todas as inscrições.
TN: Quais os resultados dessa mudança?
Valéria: Penso que a organização da secretaria geral determinando as funções de cada um foi fundamental para que os resultados fossem alcançados. Nesse período, cada um tem que atuar com atenção na sua área; setor administrativo, colaboradores, corpo pedagógico e assistencial. Assim, a gente conseguiu determinar os lugares, as funções, os propósitos de cada um dos setores no CETECC e ficou mais claro, não só para nós, mas também para os beneficiários e as famílias. As pessoas chegavam e já eram orientadas sobre os procedimentos, onde e quem procurar para fazer as inscrições.
TN: Quais são as parcerias que existem hoje no sentido de viabilizar e ministrar os cursos no CETECC ?
Valéria: Uma grande parceria com o SENAI impactou profundamente as possibilidades de aprendizado e de certa forma provocou novos olhares sobre as atividades desenvolvidas, somando e trocando experiências com nossos orientadores. Nossos orientadores possuem uma vivência prática fundamental com relação aos princípios da Safrater, os docentes do SENAI trazem aspectos técnicos valorosos. Em um primeiro momento, ficamos receosos de não haver uma “liga” com esse time heterogêneo, mas ao longo do processo foram acontecendo importantes integrações. As paradas pedagógicas que acontecem mensalmente já têm tido a participação efetiva dos docentes do SENAI junto com os orientadores da Safrater. Nessas oportunidades, os princípios da Safrater são frisados, revistos, preservados, ampliados permitindo uma visão ampla desses valores e, por outro lado, os olhares dos docentes do SENAI apresentam novas possibilidades e metodologias, com suas experiências. Por exemplo, temos um docente do SENAI que trabalha com libras, e nós recebemos pessoas com alguma característica especial, aí ele já se dispõe a ajudar e tornar acessível para todos esse novo aprendizado, inspirando essa inclusão em todos. Então, isso é muito interessante, porque acabamos percebendo que todos nós temos alguns conhecimentos e outros não, e somando, somos mais fortes.
“Cada um de nós é um indivíduo, cada um de nós tem sua história e, independentemente de acreditar no que quer que seja, quando despertamos para a ideia de que somos todos seres “aprendentes”, tudo ganha um sentido maior.”
Destaco também a parceria com a Fundação Banco do Brasil, que possibilitou equipar os laboratórios de informática com computadores adequados para os cursos, e também na eficiência da conectividade de rede para o prédio do CETECC; isso fez toda a diferença nos resultados de transmissão do conhecimento nos cursos de um modo geral.
Você falou da importância dos princípios da Safrater; no seu ponto de vista qual é o mais importante?
Valéria: Para mim, uma das coisas mais fantásticas que a gente tem é o respeito às singularidades. Cada um de nós é um indivíduo, cada um de nós tem sua história e, independentemente de acreditar no que quer que seja, quando despertamos para a ideia de que somos todos seres “aprendentes”, que somos seres que viemos para buscar, se aperfeiçoar e vivenciar novas aprendizagens, tudo ganha um sentido maior. Então, eu acredito que esse é um princípio que te faz olhar para o outro de uma maneira muito mais amorosa. Esse princípio para mim é o mais bonito, e a gente procura sempre fazê-lo prevalecer no CETECC.
TN: Como você percebe a chegada dessas pessoas inscritas aqui e depois no fim dos cursos, há uma transformação?
Valéria: Sim, agora eu posso falar um pouco melhor sobre isso, já é o meu quarto ano aqui! Aqueles que completam o primeiro curso voltam; tem beneficiário que eu vejo aqui há 4 anos. Com esforço e o despertar do conhecimento, eles entendem que podem agregar habilidades, que é uma construção, sabe! Tem quem faça os cursos durante a semana, mas que eu vejo nos cursos de sábado, e o resultado é que essa jornada de cursos vai abrindo portas, o aprendizado desperta interesse, a influência positiva dos orientadores e de outros colegas instiga a querer saber mais. Ao final da jornada no CETECC, o que a gente entende é que essas pessoas certamente têm condições de buscar com mais eficiência as oportunidades da vida, pessoais e profissionais. Os jovens que fazem os cursos durante a semana no contra turno escolar ampliam seu aprendizado da escola; essas têm o seu papel e é louvável, mas quem se dá a oportunidade de agregar os conhecimentos no CETECC tem mais chances de sucesso, até porque a gente sabe que as salas de aula das escolas têm cerca de 40 pessoas, é desafiador fazer o conteúdo chegar de forma eficiente para todos, no CETECC o número é bem menor, existe uma proximidade com quem está ali aprendendo que faz a diferença também nesse aprendizado.
A experiência dos cursos possibilita também estar mais próximo de profissionais que atuam na área. Isso é vivenciado no CETECC?
Valéria: Certamente, os orientadores são, na sua maioria, profissionais que atuam na área e compartilham o que há de mais atual em seus segmentos de atuação. Além disso, estamos sempre convidando profissionais de diversas áreas, como da saúde, psicologia, ciências, entre outras, para juntos promovermos palestras e rodas de conversa. Isso inspira muito todos os beneficiários.
“Quem combina um curso de Comunicação e Expressão, Eventos e Informática já conquistou habilidades para oferecer seus conhecimentos com muito mais competitividade de quem que fez apenas o ensino médio tradicional.”
Quais as novidades para esse ano em termos de cursos?
Valéria: Nós temos a continuação dos cursos nas áreas de conectividade, práticas administrativas e informática básica, que são cursos muito concorridos e merecem um olhar atento. Estamos estudando a possibilidade, principalmente no período noturno, de criar módulos para o curso de práticas administrativas, um com foco na gestão e o outro na informática. Quando ouvimos os beneficiários, há uma questão sobre em que profissão ele poderá atuar ao fazer este ou aquele curso. Na verdade, na formação envolvendo práticas administrativas, espera-se um conhecimento em informática. Assim, a combinação desses conhecimentos possibilitará uma iniciação profissional como Assistente Administrativo, por exemplo, o que já traz outro entendimento para os interessados. É certo que os conhecimentos de informática básica são desejáveis em qualquer área de atuação, o que explica a alta demanda por este curso, com uma fila de espera de mais de 150 pessoas. Com este exemplo de combinação de cursos inseridos em uma formação direcionada para a atuação em uma área profissional, vamos observar que outras combinações podem ser atrativas e orientar os interessados para um segmento que os atraia e que tenha a ver com suas características naturais. Assim, de certa forma, não importa tanto o nome do curso, mas sim em que área ele capacita para trabalhar.
Outra novidade importante está relacionada aos cursos da Padaria Escola Tiãozinho: é o Curso de Introdução à carreira de A&B. A área de Alimentos e Bebidas, também conhecida como setor de A&B, é responsável pelo planejamento, organização e controle dos serviços de restaurante, bar, buffet e tudo o que envolve alimentação e bebidas. Este curso visa preparar, de maneira mais abrangente, os participantes para que possam ter desenvoltura nas áreas de comunicação, expressão e desenvolvimento de raciocínio lógico, além de algum domínio na área de TI.
TN: Esse seria um curso complementar aos que já existem na Padaria Escola Tiãozinho?
Valéria: Sim, mas não é obrigatório. É possível, por exemplo, fazer os cursos que vão capacitar as pessoas para serem padeiros, confeiteiros, salgadeiros, pizzaiolos, e assim, uma vez formadas, elas podem já gerar renda, podem ter sua produção local e reverberar resultados. Se a pessoa tem interesse em depois fazer o Curso de A&B, os conhecimentos serão muito maiores, pois já capacita os participantes a terem um olhar muito mais empreendedor, para produzir mais e dentro dos normativos legais que isso implica, dá uma visão de toda a dinâmica de um restaurante desde os postos de trabalho básicos aos mais complexos.
TN: Observando essa sua fala sobre a “trilha de conhecimento”, traz à luz uma importante estratégia para os que estão fazendo os cursos e para aqueles que estão querendo fazer. Ela consiste em combinar cursos de maneira a criar um conjunto de habilidades. Ao longo dessa trilha de conhecimento que prepara o profissional, despertar para outra trilha, a do autoconhecimento, assim descobrir qualidades natas e as fraquezas e ir suprindo-as buscando ser cada vez melhor, não é mesmo?
Valéria: Exato, nosso papel também é encantar essas pessoas e instigá-las a percorrer essa trilha de conhecimento que está disponível de forma gratuita. Cada curso tem essa capacidade de encantamento. É preciso se dedicar, ter interesse e ir além do lugar comum para se destacar. É possível!
Para quem já começou o ano letivo efetivamente, para quem não conseguiu vaga, mas está aí na fila de espera ou quem tem interesse em fazer as inscrições para o segundo semestre, o que você tem pra dizer? Qual é o seu convite?
Valéria: Para quem está, que permaneça; para quem não conseguiu, que insista; e para o próximo semestre, fiquem atentos às inscrições, pois as oportunidades estão aí! É importante não desistir, insistir, acompanhar as novidades e desejar estar aqui. Vamos fazer descobertas juntos. Aqui, trabalhamos com paixão, não a paixão que cega, mas a que move, a que impulsiona a nos reinventarmos para atender às necessidades dos tempos em constante transformação. Meu convite é esse: venha para o CETECC ser protagonista dessas transformações, dentro e fora, para o desenvolvimento do ser integral.
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